Um Segundo Infinito de Paz

Ele olhava para os ponteiros do relógio, que pareciam se mover mais devagar, como se estivessem zombando de sua pressa; batia o pé no chão, num ritmo quase fúnebre, os dedos tamborilando na mesa, a sala quase vazia (se não fosse por ele e por aquela mesa, num tom marrom escuro, beirando o preto, e o ar que naquela sala parecia mais pesado), o cheiro do café inundava o ambiente, ele deixava-se inundar por aquilo, como se o aroma do café fosse a única coisa que pudesse trazer paz naquele momento. 
Você entende isso? Aquele exato segundo em que sua mente anda tão conturbada que até a mais simples das coisas pode servir como forma de fuga. Você consegue entender? Consegue imaginar a sensação de sentir o cheiro do café ou, quem sabe, sentir o vento no rosto, ouvir a risada de alguém que você ama, ver o sol, e sentir que pode dizer, pelo menos naquele segundo, "Eu estou em paz"? 
É exatamente assim que eu me sinto quando escrevo, como se o mundo inteiro parasse, pelo menos por um segundo... Nenhum som, nenhuma palavra, só eu, o papel, as canetas e a paz que parece ser infinita, até o momento em que o texto acaba.
-Duda Fagundes

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