Entorpecidos

Somos todos poeira ao vento,
Difícil dizer por quanto tempo voaremos na mesma direção.
Somos insignificantes como grãos de areia
E valiosos como lágrimas.

Ora belos como flores,
Ora cruéis como armas.
Ferimos nossos corações de pedra,
Feitos das pedras que atiramos, 
E daquelas que atiram a nós.

Vivemos entre pedra e sangue.
Sem espaço para flores.
O amor é bicho em extinção,
Enjaulado no frio mórbido de nossas almas de gelo.

Temos medo do escuro,
Apesar da escuridão que há dentro de nós.
Tememos a morte,
Apesar de matarmos nossos irmãos.
Temos medo do ódio,
Apesar de deixarmos que ele seja injetado em nossas veias, diariamente.

Somos alvo de atiradores de elite,
Que entorpecem nossas mentes.
Morremos todas as noites,
E depois, renascemos das nossas próprias cinzas.
Para sermos novamente bombardeados,
Por essas bombas de gás lacrimogêneo.
Para que enfim, possamos derramar nossas únicas lágrimas.

E assim caminha a humanidade,
Velozmente,
Cegamente,
Rumo ao ódio,
A dor,
E o fim.
-Duda Fagundes

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