Sob o Peso do Mundo

Ela andava apressada pelas ruas, precisava andar sozinha, precisava estar sozinha, se sentia sufocada pelas pessoas a sua volta, eles perguntavam se ela não tinha medo de andar por essas ruas tão violentas, talvez tivesse, mas jamais admitiria, de cabeça baixa, com fones de ouvido tocando as músicas que ela amava, ela andava, sozinha. 
Poucas pessoas souberam um pouco de tudo que se passava naquela mente tão complicada e naquele coração tão indeciso, e eu tive a honra de ser uma delas. 
Com o pouco que ela falava, fui descobrindo histórias maravilhosas, de uma pessoa que, com o peso do mundo nas costas, segurava as lágrimas e sorria.
Ela insistia em ajudar a todos a sua volta, esquecendo-se completamente dos nós que se formavam na sua mente. Tantas vezes, ela deixou seu próprio mundo cair em pedaços para ajudar os outros a carregar o deles. 
Era linda, com certeza, tanto no fundo da sua alma quando no escuro de seus olhos, sofreu muito, e amou a sua maneira, complicada e insegura, porém, verdadeiramente. Ela amava andar na chuva, talvez acreditasse que a chuva tirava o peso de seus problemas. 
Cobria suas marcas de dor com um sorriso falso, era forte o suficiente para fingir para todos, menos pra si mesma, caia aos prantos no escuro de seu quarto, esperando o sol nascer, vestindo de volta seu casaco, os tênis velhos e colocando os fones de ouvido, preparada para voltar a andar sozinha, tentando se encontrar pelo caminho.

-Duda Fagundes

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